sábado, 4 de fevereiro de 2012

O Primeiro Padre de Boqueirão


Segundo o livro “Relação de uma missão no Rio São Francisco”, escrito pelo padre capuchinho Martin de Nantes, que esteve em Boqueirão no ano de 1671, o primeiro padre designado para esta cidade foi o capuchinho francês Theodoro de Lucé, a pedido de Antonio de Oliveira Ledo que havia fundando a vila há um ano.O padre Martin de Nantes escreveu o livro na França, logo após o fim de sua missão aqui no Brasil, por volta de 1690. A passagem no livro em que se refere ao padre é a seguinte:
“Cheguei ao Brasil a 30 de Agosto e pouco tempo depois segui para uma aldeia a setenta léguas de Pernambuco, localizada numa nação de índios denominados cariris, com os quais morava um digno missionário capuchinho, o padre Theodoro de Lucé (...). A aldeia ou burgo de índios fora descoberta no ano de 1670, por um português chamado Antonio de Oliveira, que, procurando passagens próprias o para seu gado, encontrou, na ribeira do Rio Paraíba, uma tropa desses índios que pescavam a cinqüenta léguas da aldeia da Paraíba. Esse capitão, havendo obtido dos índios liberdade e segurança, para a colocação de rebanhos, depois de lhes haver oferecido alguns presentes, veio incontinente a Pernambuco, à procura de um missionário, que quisesse estabelecer-se entre os índios, para melhor proteção do gado que lhe pertencia.
Encontrou em  nossa confraria o padre Theodoro, capuchinho que havia chegado recentemente, procurando oportunidade para ser missionário. Com a permissão do superior de Pernambuco, partiu acompanhado desse capitão, que o fez escoltar por uma dúzia de índios, chamados caboclos(...)”
Relação de uma missão no Rio São Francisco – 1706
Companhia Editora Nacional/MEC

Sabendo-se que 1 légua são 6.6 km, a distância desta aldeia a Pernambuco é de aproximadamente 462 km, uma distância aproximada entre Boqueirão e Recife. Theodoro entrou para a Ordem dos Capuchinhos em 1656. Em sua missão, ensinou os índios a plantarem muito milho e feijão na beira do rio e batizou diversos deles, inclusive os filhos de Oliveira Ledo. Também ensinou francês e português a eles.
Antonio de Oliveira Ledo levou uma reclamação ao governador da capitania, acusando o padre Theodoro de ensinar aos índios o manejo das armas, sobretudo o fato dele e de seus colegas serem franceses. Como Martin de Nantes já havia sido informado da carta, ele e Theodoro acusaram os portugueses de preparar os índios para a guerra. O caso foi levado a Corte.
Martin e Theodoro escreveram uma carta para a rainha de Portugal, D. Maria Francisca de Sabóia - Duquesa de Nemours, que era francesa por nascimento, e outra carta para o chefe da Ordem dos Capuchinhos, padre Gabriel de Serrent, amigo da rainha. Sua carta foi a salvação dos capuchinhos no Brasil.     
Após sua missão em Boqueirão, que durou 15 meses, substituiu o padre Anastácio D’Audierne em uma aldeia às margens do Rio São Francisco na Bahia. Faleceu em 1686 a caminho de Lisboa, onde foi acometido de uma doença no navio que o transportava.



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